A taxa de juros de 10 e 30 anos norte americana abriu bastante entre o final de dezembro de 2021 e o começo de janeiro de 2022, deixando a renda fixa americana mais atrativa perante os demais países.
O resultado desse movimento é um fluxo de entrada de dólares nos Estados Unidos e de saída das economias emergentes e desenvolvidas, causando uma necessidade de aumento de suas próprias taxas de juros para se manterem competitivas.
Gráfico Juros Americano 10Y Yield
O efeito direto desse fluxo é uma taxa aqui no Brasil também mais elevada, como no exemplo acima. Pegamos um vértice mais curto do juros, com vencimento em Janeiro de 2023. Com o juros mais alto, o custo de capital aumenta e a atratividade da Renda Fixa também aumenta, consequentemente.
Porém, os investimentos na bolsa ficam menos interessantes, dado que não é mais necessário correr o risco do mercado para que se conquiste uma rentabilidade interessante.
Gráfico DI
E como podemos observar, no mesmo período que a curva de juros local abriu, o IBOV sofreu uma realização significativa, dado o impacto negativo na atratividade da Renda Variável vis à vis a Renda Fixa e também o efeito de um maior desconto nos fluxos de caixa futuro das companhias e firmas, resultando num preço menor das ações.
Mas você deve parar de investir na bolsa?
Não! Apenas fazer alguns ajustes nas novas alocações daqui para frente. Com uma taxa de juros mais alta, papéis que são de crescimento (growth) tendem a sofrer mais do que papéis considerados de valor (value).
Dado que grande parte de seus lucros e fluxo de caixa estão no futuro e são apenas projeções, eles sofrem um impacto negativo das taxas de juros mais altas.
Os novos aportes daqui em diante, portanto, podem ser focados mais em papéis já maduros, que tem o potencial de crescimento bem menor, mas que pagam constantemente juros e dividendos.
Como esses papéis dependem menos do futuro dado que suas operações já estão bem estabelecidas, eles são mais resilientes às aberturas de taxa de juros.
Autor: Thiago Calestine